quarta-feira, 4 de setembro de 2013

As características de um bom aluno

Descubra as posturas que contribuem para um melhor aproveitamento escolar e veja como estimulá-las em seu filho

01/08/2013 13:39
Texto Luciana Fleury
Foto: Ilustração: Marcella Briotto
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Algumas características são comuns a muitos bons alunos
Cada aluno é diferente, tem sua própria personalidade e jeito de aprender, mas mesmo diante de turmas heterogêneas, professores conseguem identificar aqueles considerados "bons alunos". Um conceito que não está diretamente relacionado a desempenho acadêmico e sim a características que irão contribuir para o melhoraproveitamento das oportunidades de aprendizagem oferecidas pela escola.

"Um bom aluno é aquele que tem uma família apoiando e torcendo para seu sucesso, que tem interesse em aprender, é equilibrado afetivamente e tem condições de conviver em um grupo social, respeitando os demais e sabendo aproveitar as chances que tem de construir novos conhecimentos", resume o professor Egídio José Romanelli, pós-doutor em Neuropsicologia pela Universidade de Montreal (Canadá). Não por acaso Romanelli coloca o apoio familiar em primeiro lugar. Trata-se efetivamente de uma condição essencial. "Os pais devem preparar seus filhos para serem alunos", defende José Carlos Pomarico, diretor-geral do Colégio Joana D´Arc. E este preparo deve ter um caráter permanente, para acompanhar as exigências progressivas que cada novo degrau acadêmico traz. "A escola precisa do apoio dos pais para que o aluno se envolva com o aprendizado. Às vezes, envia-se diversas notificações para casa, indicando que o filho não está cumprindo com seu papel e isso não surte nenhum efeito na família. Com isso, a escola, sozinha, não irá conseguir mostrar o valor do aprendizado para este aluno", diz a psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

Se a responsabilidade parece grande para os pais, a boa notícia é que as características que distinguem um bom aluno não são nada mirabolantes e atitudes simples incorporadas no dia a dia são capaz de dar um "empurrãozinho" para que os filhos as desenvolvam de forma contínua. "Isto envolve trabalhar o entendimento de que todo mundo pode ser melhor amanhã do que se é hoje, um conceito importante para o crescimento pessoal, que é a busca pela capacidade de se desenvolver, superar as dificuldades, corrigir seus erros e modificar formas de agir que precisem ser mudadas", comenta Maria Elisa.
Não se trata de padronizar comportamentos ou criar um modelo a ser seguido, mas de incentivar atitudes que contribuem para o aprendizado e para uma boa relação aluno-escola. Veja quais, na opinião dos quatro entrevistados, são elas:

1. É organizado e cumpre com seus deveres
Esta é uma das características mais frisadas por todos os entrevistados e a mais básica de todas. O bom aluno faz as tarefas de casa, importantes para o entendimento do conteúdo trabalhado em sala de aula; traz o material correto das aulas previstas para o dia; entrega, no prazo, trabalhos escolares bem feitos; tem uma rotina de estudo regular; prepara-se para as avaliações. . É também aquele que zela por seus pertencentes e daquilo que é coletivo, cuidando bem tanto do seu próprio material didático quanto das instalações da escola. "O bom aluno é aquele que faz sua parte com afinco e responsabilidade e diante dos contratempos, como uma nota baixa em uma prova, por exemplo, procura se empenhar para melhorar", afirma a psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

- Empurrão da família: valorizar, apoiar e acompanhar o tempo dedicado pelo filho aos estudos em casa. Isto envolve desde oferecer um ambiente favorável ao aprendizado, ajudá-lo a organizar sua rotina escolar, dar atenção especial à lição de casa e incentivá-lo ao estudo contínuo. Além disso, a criança deve desde cedo ser envolvida nas rotinas da casa, contribuindo para sua organização (como guardar os brinquedos, deixar a toalha pendurada, arrumar a cama etc.) sempre de acordo com a capacidade de sua faixa etária e em um aumento gradual de responsabilidades. 
2. Respeita e valoriza o professor
O bom aluno tem uma boa relação com os professores, respeitando sua autoridade e valorizando o que eles têm a ensinar. "O que temos assistido é uma posição de enfrentamento dos alunos diante do professor, como se ele fosse um inimigo a ser combatido, o que prejudica esta relação. Um professor que se sinta bem, acolhido pela turma, com certeza conseguirá explicar melhor o conteúdo", comenta José Carlos Pomarico, diretor-geral do Colégio Joana D´Arc. "Exercitar o conceito de reciprocidade, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro e perceber que aquilo que eu não quero para mim eu não quero para o outro e o que eu quero para mim eu também quero para o outro", diz Maria Elisa Penna Firme Pedrosa, supervisora pedagógica do Colégio de São Bento - Rio de Janeiro, lembrando que isto se estende também à relação com os colegas e demais funcionários da escola.

- Empurrão da família: a postura familiar é essencial para preservar a autoridade do professor. Na verdade, o ideal é que a criança cresça aprendendo que ele é a maior autoridade da sala de aula. Em casa, os filhos jamais devem ouvir dos pais algo que desautorize ou desabone o professor. Em caso de conflitos, o melhor é procurar primeiro descobrir exatamente o que aconteceu em vez de se fiar somente na versão do filho. E uma ótima atitude é comentar sobre professores que marcaram a vida dos pais, contribuindo para seu crescimento pessoal e profissional. 
3. Presta atenção na aula
Estar atento às explicações do professor é, logicamente, algo essencial para um bom aproveitamento escolar. Isto não significa a adoção de uma postura passiva ou a exigência da criança ou adolescente ficar muda o tempo todo, mas sim não ser aquele tipo de aluno que inicia conversas paralelas, a ponto de atrapalhar a si e aos demais colegas ou aquele outro perfil, de quem está mentalmente longe do que ocorre na sala. "A baixa atenção na aula pode ser comparada com a situação de uma pessoa que tem um prato rico e variado à sua frente, mas come apenas uma pequena parte desta porção. Ou seja, ele irá aproveitar muito pouco dos nutrientes oferecidos, prejudicando seu desenvolvimento", explica o professor Egídio José Romanelli, pós-doutor em Neuropsicologia pela Universidade de Montreal (Canadá).

- Empurrão da família: aqui vale a famosa e recomendada pergunta diária de "o que você aprendeu na escola hoje?", mas feita com um real interesse, com disposição para ouvir e criar um diálogo a partir dela. Isto permite perceber o quanto o filho realmente se atentou ao que foi trabalhado em sala de aula e, também, é um fator motivacional: fica claro que a família valoriza o que se está aprendendo, estimulando o aluno a compartilhar as descobertas que faz e as informações que recebe na escola - só possível, claro, estando atento a elas.

4. É interessado
Nada estimula mais o professor do que aquele aluno que demonstra querer realmente entender o que está sendo estudado; que faz perguntas pertinentes, mostrando que acompanhou o raciocínio desenvolvido; que reage positivamente diante do que é explicado; participa das discussões e atividades propostas; ou que o procura fora da sala de aula para pedir uma referência ou tirar uma dúvida. "Um professor identifica facilmente um aluno interessado, mesmo entre aqueles mais acanhados, que teriam vergonha de fazer uma pergunta ou um comentário na sala de aula, e cria oportunidades para que ele participe, como perguntando diretamente o que ele pensa de determinado aspecto, por exemplo", diz a psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

- Empurrão da família: a grande contribuição dos pais para desenvolver esta característica em seus filhos é criar um ambiente caseiro onde o "interesse" nas coisas esteja presente. "A família precisa estimular o diálogo de assuntos variados, dar chance para os filhos falarem suas opiniões sobre os mais diferentes temas, sempre, claro, dentro do que é adequado para cada faixa etária. Coisas simples, como, por exemplo, o pai comentar no jantar sobre o congestionamento que enfrentou, abrindo espaço para que todos se manifestem sobre o que acham, que soluções poderiam existir, etc", defende José Carlos Pomarico, diretor-geral do Colégio Joana D´Arc.

5. Tem uma visão de futuro
O bom aluno percebe que o esforço realizado no momento presente irá representar uma conquista no futuro.
Empurrão da família - "Os pais devem ajudar o filho a enxergar mais além, mostrando como a dedicação aos estudos irá contribuir para as conquistas profissionais e pessoais mais para frente", defende Maria Elisa Penna Firme Pedrosa, supervisora pedagógica do Colégio de São Bento - Rio de Janeiro. Isto pode ser mostrado com exemplos práticos e reais vividos pela própria família ou conhecidos.

6. Envolve-se com outras atividades ou interesses extraclasses
Sim, ao contrário do que possa parecer, o bom aluno não é aquele que pensa exclusivamente em seu rendimento escolar, mas aquele que também desenvolve interesses além dos escolares, em um saudável equilíbrio. Vale tudo: praticar um esporte, ter um hobby, brincar, ser fã de videogame. "O estudo regular e contínuo é importante, mas de nada vale a criança ou o adolescente passar a tarde toda só estudando. O cérebro precisa de um tempo para absorver todas as informações e também de estímulos diferentes. Não adianta chegar da escola, estudar três horas, correr para uma aula de inglês. É preciso envolver-se com atividades que desenvolvam outras habilidades, como um esporte, um hobby, até um videogame, sem esquecer também do saber viver socialmente", afirma o professor Egídio José Romanelli, pós-doutor em Neuropsicologia pela Universidade de Montreal (Canadá).

- Empurrão da família: os pais devem ficar atentos e ajudar o filho a equilibrar o tempo de estudo com demais atividades. 

7. Tem uma rotina de sono equilibrada
Estar descansado e bem desperto é uma condição essencial para se aprender e o que se vê atualmente é um aumento alarmante de crianças e adolescentes que chegam à escola e não conseguem se manter acordados durante as aulas. O acesso à tecnologia garante que esta geração passe a noite em joguinhos, redes sociais ou conversas intermináveis via celular, prejudicando seu necessário descanso para o dia seguinte.

- Empurrão da família: cabe aos pais estabelecer e manter um regime de sono para os filhos. "Os pais que não estão atentos à qualidade e quantidade de sono ideais anulam todos os outros esforços em prol da educação do filho, pois a consolidação da aprendizagem só ocorre durante o sono", sentencia Romanelli.


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